sábado, outubro 28, 2006

A importância de um clichê

Vendo uma carta-declaração-de-amor de uma amiga pra outra, lembrei de como é importante um clichezinho.

Era uma carta escrita na capa de uma apostila, carregada de frases do tipo "que você brilhe sempre", "nunca mude seu jeito de ser", "estarei sempre aqui quando você precisar".

Às vezes, tudo o que precisamos ouvir é um "nossa amizade é para sempre, nunca te esquecerei", por mais que saibamos que isso não seja verdade.
É claro que há altíssimas chances daquelas duas amigas esquecerem-se uma da outra nos próximos anos, mas naquele momento a intenção da que escreveu era que a amizade delas fosse para sempre.
No alto de seus 13 anos ela não faz noção da magnitude que "para sempre" representa. Provavelmente também não estará sempre lá pra quando a amiga precisar. Mas essa é a sua intenção.

Uma intenção sincera.

Ainda que haja uma banalização mais que exacerbada dessas frases de efeito, algumas vezes elas nos fazem bem e cumprem seu papel perfeitamente.

Eu, por exemplo, sempre tentei fugir dessas expressões exageradas nas declarações para amigos/namorada, porque sempre tive noção da utopia que elas representam. Mas será que eu sempre consegui achar as palavras certas para demonstrar o quanto eu considerava alguém tanto quanto um "nunca te esquecerei" consegue?

"Amigo não é aquele que diz 'vá em frente' e sim 'vamos juntos'."
(Direto da cartinha da menina)

Podem dizer um chavão desses sem medo. Esqueçam as normas que dizem que clichês empobrecem o texto: nessas horas, eles cumprem seu papel melhor do que qualquer linguaguem rebuscada.

É sincero.

domingo, outubro 22, 2006

Análise de um romance insólito

Essa semana um casal que passava na rua me chamou atenção.

O rapaz abraçava a moça em plena calçada e eles trocavam beijos cheios de emoção. Fato que passaria despercebido por mim se não se tratasse de um casal de mendigos de meia-idade.

Ele, mal vestido como todo mendigo, contemplava sua amada com um sorriso que dava gosto de ver. Ela, totalmente aquém das tendências de moda da última edição da Vogue Brasil, retribuia o carinho com abraços e beijos. Cena típica de um casalzinho adolescente.

Sem perfume, sem roupas novas, sem maquiagem e todos aqueles apetrechos que nós, os não-mendigos, consideramos indispensáveis para um encontro.

Eles não tinham um lugar legal pra namorar, então sentaram na calçada e ficaram por lá mesmo. Não podiam entrar num shopping, ir a um cinema e nem fazer nenhum programa típico dos namorados não-mendigos, então ficaram lá pelo chão mesmo. E ficaram felizes, com um sorriso no rosto de ambos.

Apesar das condições em que se encontravam, eram um casal de verdade; ao menos naquele momento, eles eram felizes.

Eles tinham amor (e mais nada - também, de que mais precisariam?).

Em quantos relacionamentos que vemos por aí só é preciso amor e mais nada?

domingo, outubro 15, 2006

Direto do túnel do tempo: uma (ousada) tentativa literária

O Texto Mais Lindo do Mundo

No texto mais lindo do mundo não cabe falar de dor ou aflição, me desculpe.
Nas palavras podemos ser o que quisermos, logo eu sou o herói. Exaltaremos tudo o que é bom e eterno. Se aqui eu dito as regras, declaro que o amor é o suficiente para qualquer um que sente fome.

Ainda no meu mundo ultra-romântico, estou certo de que a esperança aquece quem sente frio.
Não esquecer que amar alguém já é o bastante e renovar as esperanças para um novo dia é fundamental. Palavras, palavras, palavras... afinal, para que serve esse texto?
Ninguém vai achar conforto nesse clichê Camoniano. As dores e necessidades físicas transpassam nossas belas palavras. Então, o que posso fazer para ajudar alguém que precisa de conforto? Digo que a vida resiste às adversidades e o trabalho é a melhor maneira de vencermos.

Mas lutar pelo quê, como, onde?

Lutar para saciarmos nossa fome diariamente pode ser o bastante, para muita gente... gente essa que acredita num mundo melhor. Não esquecer de renovar minha dose de esperança a cada dia, mas isso é o bastante pra mim? Não, no momento eu queria um computador novo...

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Obs: Essa é uma redação minha de outubro passado, do 3º ano do Ensino Médio. A professora propôs que fizessemos o texto mais lindo do mundo, após apresentar-nos uma poesia de João Cabral de Mello Neto. Destacou minha redação pela "ousadia e tentativa literária".

Então tá, né.

Recordar é viver (é o que dizem, eu discordo um pouco).

terça-feira, outubro 10, 2006

Sobre a deslimitação

Deslimite-se.

Tenho observado que muitas pessoas deixam de fazer muitas coisas porque isso e aquilo não condizem com o esteriótipo por ela traçado como dogma de vida.
Por exemplo: Sou fã de heavy metal. Como posso ouvir uma música pop, ainda que o som tenha me agradado? Nunca.

Descatracalize-se.

Ainda que você seja um amante da literatura de Manuel Bandeira, ler um Código Da Vinci esporadicamente também é um ótimo passatempo. Pode ler sem medo: isso não te fará menos inteligente que ninguém. Pior é ler um Oswald de Andrade sem nem ao menos saber o que foi o movimento antropofágico.

Abaixo o pseudo-intelectualismo.

Ninguém é nada: sua profissão, sua titulação acadêmica e os livros que você lê não te fazem melhor que ninguém. Condições meramente figurativas e ínfimas num plano muito, muito maior que é o conhecimento.

Quer discutir? estude.

Eu não vou discutir o problema da educação no Brasil porque não sou educador e corro o risco de falar bobagens. Se todos pensassem assim, nos poupariam de tanta coisa...

Abaixo as pessoas que pensam que são e na verdade não são.

Deslimite-se e seja feliz porque, no final, se ela dança, todos nós dançamos.

domingo, outubro 08, 2006

Com a palavra, o presidente do Brasil

"O que vocês (PSDB) fizeram em quatro séculos não pôde ser desfeito em quatro anos de governo" - Presidente Lula, no debate eleitoral da Rede Bandeirantes

Seria o PSDB formado por espíritos imortais que assombram o país desde 1606?

E ainda nos deixou outra reflexão:
"É que de 170 pra 170 mil é uma diferença mínima" - Lula

Amanhã peçamos à nossos chefes que multipliquem nossos salários em 1000 vezes; a diferença é mínima.

Esse é o nosso presidente.

quinta-feira, outubro 05, 2006

Espectador ou parte do espetáculo?

De uns tempos pra cá descobri que as pessoas me percebem demais.

Acompanham meu eu-virtual do orkut (tem uns que batem cartão nos meus recent visitors diariamente, há semanas); acompanham minha vida universitária; analisam meu comportamento no dia-a-dia, até em site com fotos de baladas me acham.

Falando em balada, essa semana interceptaram meus planos pra próxima balada e convidaram-se pra ir junto. Não é o máximo?

Sim, quem se expõe na internet está sujeito a tudo isso, perdemos nosso direito de imagem e tal... mas, assim, nunca imaginei que eu pudesse despertar tamanha audiência.

Mas, enfim, acho isso ótimo.
Não sou espectador da vida de ninguém.

Sou protagonista, baby.

segunda-feira, outubro 02, 2006

A resposta de São Paulo

Levamos Alckmin ao segundo turno. Nós, povo paulista, demos uma resposta expressiva nas urnas.

Agora vamos ver quais serão as estratégias eleitorais do PT: até então, Lula estava no seu pedestal, na defensiva. "O candidato que não ofende ninguém" terá que suar muito se quiser ser presidente novamente.
Fugir de debate e dizer que não sabia de nada custou uma reeleição que já era dada como certa.

Ainda bem que a justiça terá tempo de investigar o caso do dossiê antes das eleições de 2º turno. Sinto que será uma disputa muito mais judicial que eleitoral.

Preparem-se para ver baixaria pesada, dos dois lados, nos próximos programas eleitorais. Ataques pessoais, ofensas e tudo aquilo que políticos fazem como ninguém.

(E quantos mensaleiros, sanguessugas e suspeitos de corrupção foram eleitos no Congresso e Senado? E o Clodovil como terceiro deputado mais votado? Vergonha)

Que comece a luta.

domingo, outubro 01, 2006

Nas eleições, parte I

Por que não prendem quem entope nossa cidade de panfletos políticos?

Todo ano é a mesmíssima coisa: fico assustado com a quantidade de papel jogado nas ruas. Montanhas (literalmente) de papel branco, de primeira qualidade, que só servirão pra entupir as já entupidas tubulações de esgoto de São Paulo.

Quantas árvores foram cortadas pra nada?
Pura corrupção moral.

Minha vontade era de tirar uma foto de cada panfleto no chão e entrar em contato com cada candidato, obrigado-os a pegar numa vassoura e passar um dia de gari.

Coitados dos garis, amanhã terão que trabalhar muito, muito mais e não ganharão um centavo adicional por isso.

E eu que passo a vida convencendo as pessoas a não jogar lixo nas vias públicas... aí todo meu esforço vem abaixo a cada eleição.

Começamos bem, agora aguardemos pela apuração dos resultados. Nunca esperei tanto um resultado de eleição como espero hoje.

Então... aguardemos.