quarta-feira, janeiro 27, 2010
Hormônios
olhar pra trás e ver que passou, deixou passar
esquecer, dormir; enfim, dormir
dia após dia, hora sobre hora.
As lembranças vivas (para atormentar)
e o desabafo que ajuda, mas não basta
a poeira que fica, e não sai
que o banho não leva, não lava.
Vidas, vidas e mais vidas (iludidas)
como se não bastasse, e como se não bastasse
o erro que dura demais.
Destruindo o corpo, pouco a pouco
gota a gota, até o fim
e a alma em conflito, que dói e avisa:
A alma não quer mais.
sábado, janeiro 09, 2010
Segundas chances
domingo, dezembro 13, 2009
Por que GaGa é a dona do jogo
O principal mérito de Lady GaGa e sua estreia meteórica foi fugir do senso comum – e daí as comparações com outros visionários. Se as novidades costumavam se apresentar irretocáveis em suas primeiras vezes no Video Music Awards da MTV, GaGa quis sangrar por quatro minutos. Com cabelos desgrenhados e maquiagem duvidosa. Daí vem a inevitável emenda: como não lembrar da estreia de Madonna, rolando no chão daquele mesmo palco com um vestido de noiva em 1984?
Musicalmente, o disco de GaGa cumpre o papel, mas não está a altura de tanto aplauso. Bebe na fonte das batidas certas criadas a partir da exploradíssima onda retrô oitentista e, apesar de funcionar muito bem em qualquer pista de dança, não inova. O relançamento de The Fame com oito faixas bônus nem tão geniais já mostra sinais da pressão comercial para outro álbum arrasa-quarteirão – o que ela terá de administrar com muito jogo de cintura para não sucumbir à própria fórmula.
Mas o que realmente faz de Lady GaGa a artista do ano para 10 entre 10 revistas especializadas e lhe rende recorde atrás de recorde na Billboard é essa irreverência na imagem. Em um cenário dominado por artistas criados pela Disney e pelo mais do mesmo do R&B, ver alguém incendiando pianos na tevê no maior estilo freak de ser é sempre bom – e o pop, tão em baixa nos últimos anos, agradece.
domingo, outubro 04, 2009
Conflitos, sempre eles
Não acho que isso seja efeito daquela máxima universal que diz que tudo que é demais enjoa. Não mesmo. Intensidade não tem relação com desgaste. Acho que é porque a gente cresce, mesmo.
Mas não tenho certeza.
quinta-feira, setembro 24, 2009
Em branco
Na palavra escrita, pelo menos, a gente é rei.
Enquanto houver essa compensação, muita infelicidade será evitada. Porque, no fundo, bons escritores não são nada mais do que pessoas frustradas que, como muitas outras, deixaram-se seduzir pela irrealidade deliciosa das letras, em que qualquer um manda e desmanda; faz e desfaz.
Na palavra escrita, pelo menos, sempre dá para recomeçar - sem marcas.
quinta-feira, agosto 13, 2009
Recorrências
Criar e recriar situações vividas em um passado do qual não nos conformamos é um passatempo que mata, embora esteja entre os meus preferidos. ‘E se...’ é um veneno poderoso na desfiguração da realidade, sobretudo quando usado para tentar contornar frustrações. Prerrogativas hipotéticas não são boas, e de fato não mudam absolutamente nada – não reescrevem o passado, não ajudam o presente e, principalmente, não sinalizam o futuro.
A decepção, porém, não é a cereja do bolo. O mal resolvido é pior. Antes ter certeza de que o episódio acabou – ainda que de maneira infeliz – do que o ponto final nunca vir. Neste caso, mais do que nunca a ilusão reina; e cria ligações entre passado, presente e futuro. Em outras palavras: o inacabado abre espaço para diversas interpretações fantasiosas, e torna o passado mais presente. Afinal, se os dados ainda estão rolando – e assim se manterão para sempre –, por que não acreditar que aquilo ainda pode, de alguma forma, emergir em um determinado tempo e espaço futuro?
De tempos em tempos, esses sentimentos nos consomem – porque, em suma, o ser humano é nostálgico. E a saudade é uma merda.
domingo, maio 10, 2009
Oasis: fórmulas, chuva e rock’n’roll de 1ª
(Quase) Todos os clássicos estavam lá – de Rock’n’Roll Star, do primeiro e aclamado disco, Definitely Maybe (1994), a Lyla, do penúltimo álbum, Don’t Believe The Truth (2005). Todas as boas músicas do novo CD, Dig Out Your Soul (2008), também. Se Liam Gallagher não é um grande vocalista ao vivo, suas falhas são compensadas pela presença de palco que falta a muitas “maior promessa da última semana” que surgem constantemente na cena roqueira britânica.
E os fãs brasileiros – que o vocalista diz serem os melhores, apesar de não estarem tão animados naquela noite de chuva – estão entre os poucos que quebram a impassividade do Gallagher caçula diante das multidões. Foi assim nas últimas duas passagens do Oasis pelo País, e ontem não poderia ter sido diferente. Nas palavras de Liam: “vocês foram incríveis, como sempre”. Nada mal para o mal criado do rock, que contou recentemente que não fala mais com seu irmão Noel (“só o necessário”).
O Gallagher mais velho também dá seu show à parte – seja em uma improvisação nas guitarras durante os minutos finais de I Am The Walrus, para fechar o show, ou mandando beijo para a fã da primeira fila. Houve também uma discussão com alguém que jogava algo no palco, e o guitarrista chegou a ameaçar parar o show. Mas passados alguns minutos (e cessado os ataques), o clima voltou ao normal.
Não havia uma grande produção. A apresentação do Oasis ocorre sob um fundo preto, que algumas vezes ganha um jogo de luzes mais elaborado e telões. Mas com um repertório que já vendeu 50 milhões de discos e execução quase perfeita, o grupo garante o valor do ingresso.
E se alguns conjuntos se negam a tocar as músicas lhe deram fama, no Oasis isso não existe. Você pode esperar que Wonderwall, Champagne Supernova e Don’t Look Back In Anger estarão lá, em todas as turnês – em versões cada vez melhores.
O único ponto negativo do set list (e talvez do show) foi a exclusão de Live Forever, provavelmente o segundo maior hit da banda. Numa noite em que Liam não se cansava de elogiar o público, se a chuva não tivesse castigado tanto poderia haver espaço (e energia) para pedir a música mais vezes entre os intervalos da apresentação. No Japão isso funcionou. Aqui, alguns tentavam gritar alguns versos do clássico, mas logo paravam. Em 2006, penúltimo show em São Paulo, de tanto que pediram Supersonic, a canção foi incluída no bis. De qualquer forma, ontem era visível que Noel notava o pedido, mas seguia o script. Afinal, o jogo já estava ganho.
Ao final, os irmãos Gallagher deixaram (separadamente) o palco aplaudindo os fãs. Algo inimaginável para um dos grupos mais egocêntricos e megalomaníacos do rock, que durante a década de 1990 não se cansavam de repetir que não davam a mínima para ninguém. Hoje, os exageros foram deixados de lado e música está em primeiro plano para o Oasis. Amém.
sexta-feira, novembro 14, 2008
Aos leitores
http://www.fechaaspas.com/
E obrigado por dois anos de acessos, duzentos mil comentários, duzentas mil recomendações... :)