O principal mérito de Lady GaGa e sua estreia meteórica foi fugir do senso comum – e daí as comparações com outros visionários. Se as novidades costumavam se apresentar irretocáveis em suas primeiras vezes no Video Music Awards da MTV, GaGa quis sangrar por quatro minutos. Com cabelos desgrenhados e maquiagem duvidosa. Daí vem a inevitável emenda: como não lembrar da estreia de Madonna, rolando no chão daquele mesmo palco com um vestido de noiva em 1984?
Musicalmente, o disco de GaGa cumpre o papel, mas não está a altura de tanto aplauso. Bebe na fonte das batidas certas criadas a partir da exploradíssima onda retrô oitentista e, apesar de funcionar muito bem em qualquer pista de dança, não inova. O relançamento de The Fame com oito faixas bônus nem tão geniais já mostra sinais da pressão comercial para outro álbum arrasa-quarteirão – o que ela terá de administrar com muito jogo de cintura para não sucumbir à própria fórmula.
Mas o que realmente faz de Lady GaGa a artista do ano para 10 entre 10 revistas especializadas e lhe rende recorde atrás de recorde na Billboard é essa irreverência na imagem. Em um cenário dominado por artistas criados pela Disney e pelo mais do mesmo do R&B, ver alguém incendiando pianos na tevê no maior estilo freak de ser é sempre bom – e o pop, tão em baixa nos últimos anos, agradece.