Criar e recriar situações vividas em um passado do qual não nos conformamos é um passatempo que mata, embora esteja entre os meus preferidos. ‘E se...’ é um veneno poderoso na desfiguração da realidade, sobretudo quando usado para tentar contornar frustrações. Prerrogativas hipotéticas não são boas, e de fato não mudam absolutamente nada – não reescrevem o passado, não ajudam o presente e, principalmente, não sinalizam o futuro.
A decepção, porém, não é a cereja do bolo. O mal resolvido é pior. Antes ter certeza de que o episódio acabou – ainda que de maneira infeliz – do que o ponto final nunca vir. Neste caso, mais do que nunca a ilusão reina; e cria ligações entre passado, presente e futuro. Em outras palavras: o inacabado abre espaço para diversas interpretações fantasiosas, e torna o passado mais presente. Afinal, se os dados ainda estão rolando – e assim se manterão para sempre –, por que não acreditar que aquilo ainda pode, de alguma forma, emergir em um determinado tempo e espaço futuro?
De tempos em tempos, esses sentimentos nos consomem – porque, em suma, o ser humano é nostálgico. E a saudade é uma merda.
quinta-feira, agosto 13, 2009
Recorrências
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